Por que os empreendedores brasileiros têm dificuldade em aplicar as Finanças nas PMEs e como o seu contador pode te ajudar?

Pessoal, cada vez mais o empreendedor de sucesso tem procurado ampliar seus conhecimentos em finanças. Em tempos de pandemia, esse conhecimento tem sido muito exigido e necessário para a continuidade de uma série de negócios.

Porém, ao procurar ajuda eficiente sobre esse tema, vem a frustração. São raros os profissionais disponíveis que tratam da realidade e das finanças necessárias nas pequenas e médias empresas.

Os assuntos sobre finanças corporativas pouco têm a ver com o dia a dia do empreendedor. A realidade é totalmente diversa. Os profissionais de Finanças têm como foco prioritário tratar da estrutura financeira de grandes corporações.

Por isso, ao ter acesso a esse tipo de conhecimento, que o empreendedor nem entende nem pratica, o afasta das possibilidades de evolução do negócio nas fases iniciais financeiras de uma empresa.

Vamos ver como as abordagens deste assunto estão equivocadas e descobrir caminhos para ter acesso ao conhecimento financeiro adaptado a sua necessidade?

 

PMEs não tem acesso ao mercado de capital e de dívida negociados publicamente

Essa pandemia de 2020 escancarou de vez a necessidade e a falta de recursos para as pequenas e médias empresas (PMEs). Foram diversas iniciativas do governo para estimular o crédito, mas só quando passou a participar mais ativamente com o Pronampe, foi que minimamente as empresas conseguiram captar.

As pequenas e médias empresas somente possuem acesso aos recursos privados de crédito e isso tudo disponibilizado por um único agente, os bancos.

É claro, algumas inovações como Startups de Crédito, como Nexoos, ou ainda a possibilidade de captação de recursos de Equity através de Crowdfundings tem melhorado esse cenário, mais isso ainda é ineficiente.

O crédito privado é cruel. Os bancos são adversos a risco e por isso as pequenas empresas possuem acesso limitado a linhas, já que são consideradas um risco maior do que grandes empresas.

Para essas, além do mercado de capitais com a emissão primárias de ações para a captação de recursos, há o acesso ao mercado público de crédito por meio da emissão de debentures, por exemplo.

Os profissionais de finanças corporativas tratam desse tipo de companhia, que tem acesso a esses créditos e não das PMEs, com a sua super-escassez de financiamento.

 

Sócios de PMEs possuem investimento não diversificado

Nas finanças corporativas, principalmente na visão de gestão do risco, prega-se que é importante a diversificação de portfólio como forma de redução de risco e analisa-se como isso impacta o processo decisório.

Ora, sócios de pequenas e médias empresas (PMEs) possuem risco superconcentrado, normalmente em um negócio só, e não são raros os casos onde o núcleo familiar também participa do empreendimento, elevando mais ainda o risco.

Adotar essa premissa de forma errada no conhecimento de finanças muda tudo. Não há tratamento do processo decisório em riscos extremos, como vivem os donos de PMEs. Esse é um importante aspecto a ser levado em consideração, assim como o seguinte, ainda sobre o tema de risco.

A responsabilidade limitada é ineficiente

Uma das formas de elevação de investimentos em mercados maduros é a responsabilidade limitada. Quanto mais protegido o investimento, limitando suas perdas ao seu volume, mais eficiente é o mercado.

É isso que garante um investidor que aloque R$ 7.000 de seus recursos em um investimento, tenha o risco máximo de R$ 7.000 de perda.

Isso não é realidade no Brasil. Embora no aspecto societário o Brasil tenha avançado com as Sociedade Limitadas, principalmente a mais nova, que é a Sociedade Unipessoal (advento da MP da Liberdade Econômica), muitas vezes o empresário brasileiro não pode contar com essa proteção jurídica.

Não são raras as misturas patrimoniais que o empreendedor realiza entre as suas vidas PF e PJ, principalmente ao não separar sua conta bancária, e isso é um prato cheio para desconfigurar o tipo societário e atingir seu patrimônio pessoal com o risco do negócio. Por isso é tão importante separar as contas pessoais e as contas da empresa.

 

Propensão a risco elevada dos empreendedores

Já falamos aqui dos longos processos decisórios das grandes empresas e das avaliações de investimento rebuscadas que temos nas Finanças Corporativas. Validar um projeto e um investimento em Grandes Corporações é bastante complicado. Sei, pois vivi na pele esse histórico quando atuei com Finanças na Controladoria de SAs.

Agora o Empreendedor brasileiro, que já assume muitos riscos ao abrir um negócio, tem que crescer e para isso tem um processo decisório de risco/retorno muito diverso do que esperado pelos processos de finanças.

Só aqui poderíamos ter diversas analises de como tomar decisões eficientes e ágeis para PMEs. Algo que não estará novamente no conhecimento de finanças para corporações.

Para PMEs, as análises de ROI (Retornos dos investimentos) deveriam ser fundidas com aspectos emocionais e com a conquista/crescimento de mercado… isso sim é conhecimento para o empreendedor.

 

A falta de um time de gestão

Aqui não tem jeito, há uma deficiência global, mas que fica exacerbada na gestão financeira das pequenas e médias empresas.

Existem muitos negócios que iniciam por meio do conhecimento dos seus sócios em determinada área ou atividade e normalmente o conhecimento obtido em finanças é escasso e o empreendedor não tem ao seu dispor um time completo e diversificado o suficiente para o suporte nesta área.

E, claro, que com a popularização do BPO Financeiro e a chegada de serviços de CFO As Service tem provocado mudanças, além de possibilitado a algumas empresas terem times mais profissionais e dedicados a este assunto.

 

Relacionamento com acionistas é muito informal

Já que temos muitos recursos disponíveis em grandes corporações, temos a figura do RI (Relacionamento com Investidores) de uma forma presente nos temas de finanças.

Agora em PMEs os recursos são escassos, os times são incompletos, o que diria de manter uma pessoa para cuidar de seu RI.

Isso acaba tornando a relação com um financiador muito informal e distante, afugentando quem pretende investir nesse tipo de empresa. Temos financiamento? Temos. Temos equity? Temos. Porém, sempre de investidores profissionais. Amadores não são bem-vindos.

 

Multiplicidade de esquemas de remuneração de sócios

Por fim, temos uma grande jabuticaba brasileira. Por causa da alta carga tributária no Brasil, temos diversas formas e esquemas de remuneração dos sócios, minimizando tributos, mas prejudicando a forma de enxergar e adequar a remuneração por tipo de rubrica.

Normalmente temos a figura do pró-labore fazendo as vezes da remuneração do trabalho, sempre como o valor adequado ao mercado e logo após os dividendos remunerando o capital, portanto o retorno da empresa.

Porém, para evitar encargos, o pró-labore formal é o mínimo e isso prejudica a visão real sobre retorno do capital investido, já que uma parcela da remuneração de trabalho flui para o pequeno empreendedor como lucros e isso acaba distorcendo a análise.

Realmente esse é um aspecto perverso das análises financeiras, principalmente para aqueles que utilizam os dados contábeis da empresa e não ajustam isso para a visão correta. Vamos ficar atentos!

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Sobre o Autor:

Teófilo Soares

CEO & FOUNDER 

O Diretor Presidente do Grupo TS7, Teófilo Soares, é Professor Universitário, com MBA em Contabilidade Controladoria e Finanças, atuando há mais de 23 anos como consultor e palestrante em Gestão Contábil, Fiscal e Tributária e há quase uma década atua no magistério superior nos cursos de graduação e pós-graduação na área contábil, com dezenas de cursos de aperfeiçoamento nas melhores escolas de negócios de São Paulo.